A moda sustentável é uma prática do viver sustentável, que precisa ser também vivenciada no dia a dia. Ou seja, ela é um movimento que promove mudanças no comportamento dos consumidores e também na produção de moda em direção a uma maior integridade ecológica e justiça social.
Como efeito, a moda sustentável diz respeito muito mais do que metodologia, tecidos e produção. Ela compreende a abordagem de todo o sistema da moda.
Você gosta de moda e estilo, mas também se preocupa com as práticas atuais da indústria da moda?
Está procurando opções alternativas humanas e sustentáveis sem comprometer seu visual?
Ótimo! Em vista disso, vamos então juntos, tentar entender os principais problemas da indústria da moda em termos de impacto ambiental e humano, e encontrar soluções duráveis para melhorar nossos hábitos de compra.
O que é moda sustentável?
A moda sustentável é uma tendência que se preocupa em utilizar métodos que não produzam ou minimizem os impactos ambientais gerados no processo de desenvolvimento de produtos.
Assim como a viagem sustentável, ela surgiu da necessidade de repensar a conduta da nossa sociedade, do ponto de vista ecológico. Ou seja, desde a etapa de produção de tecidos ao consumo desenfreado, as pessoas tem extraído grande quantidade de recursos naturais não renováveis.
O resultado é a poluição e degradação da natureza. E o pior: sem se preocuparem com as consequências disso.
Triste, não acha? Por isso é que a moda sustentável defende a redução de uso de materiais poluentes na produção de suas peças. Graças a isso, minimiza impactos no meio ambiente.
Portanto, o consumidor da moda consciente é aquele que busca produtos com materiais sustentáveis, de qualidade e com maior durabilidade, tanto em roupas quanto em acessórios. Mas não é só isso. O comportamento em relação ao consumo, também precisa mudar.
O que está na moda?
A preocupação com o que está na moda, leva o consumo acelerado de roupas, pois elas precisam ser substituídas em cada estação todos os anos. Esse comportamento insano, tem deixado grandes marcas no meio ambiente. Por exemplo: a degradação do planeta e o consumo de grande quantidade de matéria prima não renovável.
Segundo Environmental Protection Agency, a indústria têxtil está entre os quatro tipos de indústrias que mais consomem recursos naturais e que mais poluem. Além disso, esse sistema fomenta a desigualdade sociocultural.
Também de acordo com a entidade de movimento para educação ambiental, Menos Um Lixo, a indústria de moda é a segunda mais poluente do mundo. Por ano, 93 trilhões de litros de água são gastos para a produção de roupas, o que corresponde a 4% da captação mundial de água doce anual. Para a produção de um quilo de fibra de algodão, são necessários de sete a 29 mil litros de água.
Então, o que você pensa? Moda e preservação ambiental são conceitos conflitantes?
Pois a moda, tirando os “clássicos”, tem ciclos de vida curtos. Em oposição está a durabilidade, sustentabilidade e reutilização de produtos.
O que há de errado com a indústria de moda atual?
A queda nos preços do vestuário nos últimos 20 anos nos permitiu comprar cada vez mais roupas. Isso significa que, agora temos no mínimo 5 vezes mais roupas do que nossos avós tinham.
Na realidade, este acúmulo contínuo de roupas baratas só é possível devido a uma constante redução dos custos de produção. Isto, por sua vez, tem sérias conseqüências sobre nossa saúde, nosso planeta e sobre a vida dos trabalhadores do vestuário.
Talvez você até se sentisse bem com um montão de roupas entulhadas no seu guarda roupas até descobrir o que estava escondido por trás desta tendência.
Condições de trabalho na indústria da moda
Basta olhar a etiqueta do país onde a peça de roupa foi fabricada pra saber que a maioria de nossas roupas é feita em países nos quais os direitos dos trabalhadores são limitados ou inexistentes. De fato, nós sabemos disso há décadas.
E sabe o que é o pior?
Os locais de produção se deslocam regularmente, em busca de custos de mão-de-obra cada vez mais baratos.
Muitas vezes ouvimos os proprietários das empresas dizer que, “para estes trabalhadores, é melhor do que nada”, “pelo menos nós lhes damos um emprego”. A princípio você pode dizer que eles têm razão. Por outro lado, também é correto dizer que eles estão explorando a miséria e tirando vantagem das populações pobres. Ou seja, aqueles que não têm outra escolha senão trabalhar por qualquer salário, e em qualquer condição de trabalho.
Até o Parlamento Europeu está usando o termo “trabalho escravo” para descrever as atuais condições de trabalho dos trabalhadores do vestuário na Ásia.
Sabemos que, se as condições de trabalho melhorarem em um país, as empresas simplesmente se mudarão para outro. Em consequência, não podemos esperar muito do mundo corporativo ou dos governos se os consumidores não pressionarem para uma mudança.
Salários na indústria da moda
Muitas marcas de moda asseguram a seus clientes que os trabalhadores que confeccionam suas roupas recebem “pelo menos o salário mínimo legal”. Mas o que isso significa exatamente?
Antes de mais nada, significa que muitas outras marcas nem sequer pagam o salário mínimo legal!
Além disso, na maioria dos países fabricantes (China, Bangladesh, Índia…), o salário mínimo representa entre a metade e um quinto do salário mínimo vital. Resumindo, um salário mínimo, como o nome já diz, precisa cobrir o mínimo que uma família necessita para satisfazer suas necessidades básicas. Isto é, alimentação, aluguel, saúde, educação, etc. Portanto, estas marcas se gabam de pagar a seus empregados 5 vezes menos do que uma pessoa realmente precisa para viver com dignidade.
Pesquise a marca que você compra
Ao usar uma marca, você não está comprando apenas a beleza da peça, está legitimando todo seu processo produtivo e carregando o valor moral da empresa.
Se a marca que você compra utiliza trabalho escravo, ou infantil em sua confecção, ou ainda, se a marca descarta resíduos químicos nocivos de forma incorreta no meio ambiente, você está alimentando essas práticas.
Assim, em algumas situações, os consumidores têm o poder de apoiar ou punir marcas por suas atitudes sociais e ambientais. Sobretudo na sua escolha de qual loja ou marca comprar. Para isso, é essencial se informar dos produtos que o fabricante utiliza. Se você deseja se tornar um consumidor sustentável, deve pesquisar as circunstâncias que as roupas são produzidas.
Hoje é tudo bem mais simples. Nós podemos encontrar informações e até mesmo usar a mídia social para falar diretamente com as marcas.
Seja como for, a compra vai se tornar mais especial, se você tiver certeza de que está comprando de uma marca que se alinha com seus valores.
Por que a moda sustentável é importante?
Como você já sabe, a moda sustentável refere-se a peças de vestuário que foram feitas de uma forma que está atenta às muitas questões ambientais que envolve a indústria da moda. Além disso, são peças feitas para durar.
A qualidade reduz o desperdício. Marcas sustentáveis se concentram na qualidade, utilizando materiais e acabamentos que são feitos para durar, além de serem gentis com o meio ambiente.
Ao escolher marcas sustentáveis que proporcionam qualidade, você pode reduzir seu desperdício, assim como a quantidade de roupas que você compra. Ou seja, ainda irá economizar dinheiro.
Guarda roupa sustentável
Se você é do tipo que gosta de seguir tendências, a idéia de criar um guarda-roupa sustentável a partir do zero é, sem dúvida, uma idéia assustadora.
Há a perspectiva de não poder usar as marcas de costume, e de limitar suas escolhas em termos de tendências.
Todas estas preocupações são válidas, é claro, mas não é tão difícil como você poderia pensar em começar com um guarda-roupa sustentável – e vale definitivamente a pena a longo prazo.
Brechó faz parte da moda sustentável
Eu amo garimpar peças maravilhosas em Brechó. É uma arte. Sabia? Aqui na Europa as pessoas amam frequentar Brechós. E pessoas de todas as classes sociais. Bobagem enorme ter preconceito com segunda mão.
Cada novo item de vestuário fabricado tem uma pegada substancial de carbono ligada a sua fabricação, mas a quantidade de energia nova necessária para produzir vestuário vintage é zero.
Emma Watson disse: “As roupas vintage têm um papel enorme a desempenhar para tornar a moda mais sustentável e reduzir uma pegada global que inclui as 132 milhões de toneladas métricas de carvão usadas anualmente através da produção de novas fibras, tingimento e branqueamento de roupas e os 6-9 trilhões de litros de água usados pela indústria”.
Em outras palavras, a solução não se concentra apenas em produzir novas peças a partir de produtos recicláveis, mas também, em consumir produtos que já foram utilizados por outras pessoas. Seguindo esse pensamento pensamento, os brechós estão se modernizando e incentivando o consumo consciente.
A Zara é sustentável?
A Zara fica muito atrás das marcas verdadeiramente sustentáveis. Suas roupas “sustentáveis” são uma porção tão pequena de seus produtos que é impossível para ela fazer mudanças significativas. Além disso, eles também ainda estão promovendo o consumismo de massa que se alimenta da moda rápida, e é inerentemente insustentável.
Teste das 30 usadas
A finalidade deste teste é que você compre apenas produtos que você vai realmente usar bastante.
Funciona assim: toda vez que você for comprar algo, pergunte a você com sinceridade: “Eu vou usar isso no mínimo 30 vezes?”
Se a resposta for não, saia correndo e esqueça a compra inútil. Você vai se surpreender quantas vezes sua resposta é não. Sinceramente, tente evitar a compra daquela peça que você sabe que só vai usar por uma ocasião. Em vez disso, invista em algo com mais longevidade que você possa usar de novo e novamente. Escolha peças mais versáteis que possam ser estilizadas de maneiras diferentes, ao invés de um item que você sabe que vai sair de moda em pouco tempo.
Eu particularmente gosto mesmo é de roupas que posso usar 30 mil vezes.
Medidas para a moda sustentável
Muitas são as medidas que podem ser empregadas para reduzir os impactos sociais e ambientais na indústria da moda. Existem inúmeros processos e momentos de decisão diante dos quais uma marca adota seu posicionamento e pode investir no paradigma do desenvolvimento sustentável.
Na confecção, a empresa pode decidir aumentar a vida útil de uma peça de roupa através do acabamento, pode usar tecidos que causem menor impacto ambiental, verificar a procedência das matérias-primas, assegurar condições dignas de trabalho, bem como realizar o upcycling.
Cabe às marcas e aos consumidores a decisão na escolha de um posicionamento ético frente à moda.
Cabe a nós decidirmos o que e como consumir. Ou seja, se você quer adotar o consumo consciente, irá, além de valorizar e optar por peças produzidas de forma sustentável, também adotar outras atitudes importantes, como comprar menos, investir em peças duráveis, consertar peças danificadas, doar, trocar, compartilhar e customizar peças.
Adotar uma vida mais leve em todos os sentidos.
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Desapegue!
Tudo o que é reaproveitado não vai agredir o meio ambiente. Talvez você tenha uma peça que não lhe sirva mais, mas pode servir para outra pessoa.
Se você não quero mais, não deixe em seu armário. Doe, venda, troque! Se você não usou a peça nos últimos dois anos, muito provavelmente não usará nunca mais.
Passe para frente e outra pessoa vai usar e aproveitar muito mais tempo.
4 comentários em “Moda sustentável: Você segue essa tendência?”